Oi, sys! Hoje vim contar para vocês a história de uma das melhores decisões que tomei: escolher o DIU de Cobre como método contraceptivo!
Em 2021, quis abandonar a pílula combinada e buscar outro método para aliar à camisinha. Estava decidida a voltar a menstruar e conhecer o meu corpo, portanto, não era o momento de ter hormônios nele. Além disso, também queria um método que fosse de alta eficácia (pois eu era daquelas bem paranóicas com a possibilidade de uma gravidez indesejada). Dito isso, a melhor opção para mim foi o Diu de Cobre, que acabou se tornando o meu xodó.
Ao longo desse texto eu te explico tudo que enfrentei (até por parte de ginecologista desinformado) para colocar o meu diuzinho e como estão sendo esses meses de adaptação.
Vem comigo, sys!
Por que o DIU de Cobre?
Como comentei acima, eu fui uma das que migrou da pílula combinada para o DIU. Minha história com a pílula foi tranquila, até. Ela acabou com as minhas espinhas e me deu uns quilos a mais, mas isso não foi o suficiente para me fazer abandoná-la. Até que comecei a sentir dores de cabeça fracas, mas que eu nunca tinha sentido antes. Desconfiei da pílula e marquei uma consulta com o ginecologista da minha cidade natal (estava passando uns meses lá).
Conversamos e, embora ele quisesse me enfiar goela abaixo outra pílula, eu disse para ele que já não estava mais feliz com esse método. Ficar lembrando todo dia de tomar a pílula ou mesmo carregar ela por quase todo lugar, para mim, estava se tornando difícil. Parei (e assim que parei, as dores de cabeça sumiram).
Estava relutando para aderir ao DIU por que, até então, eu achava a inserção um processo bem invasivo. Foi um bom tempo pensando assim, até que decidi me informar mais sobre o método. Li estudos, entrei em grupos de discussão, segui páginas de conteúdo e, no fim, vi que poderia ser mais tranquilo do que eu imaginava. Depois de muita pesquisa, entrei em contato com a UBS do meu bairro para saber se eles ofertavam o DIU de Cobre por ali. Decidi confiar no meu corpo e entender que se não fosse dar certo, não seria por falta de tentativas.
O contato com a primeira UBS
Fiquei uns três ou quatro meses sem usar método algum (e não tive relações nesse meio tempo, ok) e fui até o posto de saúde do bairro me informar sobre o DIU de Cobre por lá. A enfermeira responsável me explicou que, para conseguir o DIU, deveria ter em mãos um ultrassom e um exame preventivo e, para isso, precisava passar com o ginecologista dali, que eu já conhecia.
Marquei a consulta com o gineco e posso dizer que foi um momento bem difícil. Dá uma ligada nas coisas que ouvi dele:
DIU causa infertilidade;
DIU causa Doença Inflamatória Pélvica;
quase todo mundo que coloca DIU tem perfuração uterina
Eu sabia que nada disso era verdade, mas eu não estava disposta a ficar discutindo com ele. Ele era um senhor bondoso e foi muito gentil com outras pacientes e até mesmo comigo em outras consultas antes dessas. Eu sabia que era um caso de desinformação e idade, mas eu não iria sair de lá sem minhas guias de exames.
Insisti e, depois de uma comunicação bem truncada e difícil, ele me deu as guias. O ultrassom eu já tinha feito há uns meses, portanto, só precisava fazer o preventivo. E assim foi feito.
Por razões maiores, precisei voltar para a cidade que eu moro, Florianópolis. Pensava que teria que passar por todo esse processo novamente, mas felizmente tudo foi muito mais rápido e amigável. Mandei um WhatsApp para o posto de saúde que me explicou os requisitos para colocar o DIU ali:
Não ter tido infecções nos últimos quatro meses
Não ter tido relações desprotegidas na última semana
Não apresentar corrimentos na última semana
Eu cumpria todos os requisitos e, de quebra, já tinha feito meus exames de ISTs anuais, bem como um teste de gravidez (fiz junto do preventivo, não fui boba nem nada). Dito isso, a enfermeira disse que eu poderia já fazer a inserção na semana seguinte, sem necessidade de estar menstruada.
O dia da inserção
Embora eu tenha procurado por relatos positivos da inserção do DIU, não pude deixar de me deparar com aqueles casos em que a pessoa desmaia ou a pressão cai. Como a minha já é um pouco baixa, falei para o meu namorado me esperar na recepção para eu não ter que voltar para casa sozinha.
A enfermeira pediu para que eu tomasse um daqueles medicamentos genéricos para dor (não vou citar o nome aqui) meia hora antes da inserção, e assim fiz. Não tomei nada além disso, não fui anestesiada e nem menstruada.
Já na sala de inserção, a enfermeira estava junto de uma acompanhante e as duas me explicaram (mais uma vez, pois já tinha recebido orientações no WhatsApp) como funciona o DIU de Cobre, bem como a inserção em si. Fiz um teste de gravidez de urina e, com o resultado negativo, continuei com a explicação do processo.
A enfermeira responsável pegou um DIU do estoque e me mostrou, para que eu pudesse ver realmente como era o dispositivo. Achei fofo. Ela me mostrou a caixa do aplicador também e explicou que antes de colocar o DIU era feita a medição do útero, para saber se ali dentro caberia o DIU. Por fim, assinei o termo de responsabilidade do processo, um papel que diz a eficácia do DIU de Cobre, avisando que sim, ainda é possível ter uma gestação mesmo com utilizando DIU.
Elas perguntaram se eu gostava de música e eu respondi que sim; nisso, colocaram uma canção para deixar de som ambiente e ligaram o aquecedor, pois naquele dia estava frio. Eu comentei que costumo ficar muito nervosa em situações como essas e a enfermeira responsável perguntou se eu gostaria que meu namorado estivesse na sala comigo. Disse que sim e, pouco tempo depois, ele estava sentado na cadeira ao lado da maca, de mãos dadas para mim. Chegou a hora de colocar o DIU.
A inserção em si
Já adianto para você: não, eu não desmaiei! Foi bem diferente, haha!
Primeiro foi medido o meu útero e, para a minha surpresa, tinha tamanho mais que suficiente para colocar o DIU de Cobre oferecido no SUS (TCu 380 A, aquele em formato de T). A sensação que eu senti com o histerômetro foi uma cólica mais forte, porém bem rápida. Chutando bem para cima, diria que não foi mais que 4 segundos de incômodo.
Depois disso, ela avisou que iria começar o processo de inserção. Segurei na mão do meu namorado, fechei os olhos e fui preparada, mas foi mais tranquilo do que imaginava. Acho que até comentei algo como “Era só isso?”. Senti uma cólica forte por uns quatro ou cinco segundos e pronto. Ela disse que meu DIU estava dentro do meu útero e que a inserção foi tranquila, pois não foi feita nenhuma força pra passar o DIU passar pelo colo do útero.
O processo todo foi muito humanizado. A enfermeira me lembrava o tempo todo de que eu era a dona do meu corpo e que se quisesse desistir no meio do processo, era só dizer. Ela também me lembrava de que não iria seguir com o processo se eu relatasse dor intensa, o que me deixou bem mais tranquila. Sangrei um pouco, mas não o suficiente para sujar a minha calcinha.
No fim, já com o DIU, a enfermeira perguntou se eu gostaria de uma foto do meu colo do útero. Eu fiquei muito feliz porque há tempos gostaria de um registro, mas tinha vergonha de pedir para qualquer profissional da saúde e me acharem doida. A foto foi tirada e, pela primeira vez, vi como é meu colo do útero (não achei muito bonito não, mas vida que segue).
Período de adaptação
Saí da sala bem, fui andando devagar, mas não sentia nada. Me disseram para procurar o serviço de saúde caso tivesse febre, hemorragia ou percebesse que minha barriga/região do ventre estava estufada. Do contrário, era usar e abusar dos remédios que me foram receitados e ficar tranquila. Dali, iriam marcar um ultrassom para cerca de 40 dias depois do procedimento para conferir o posicionamento do DIU após a primeira menstruação, que é quando há maior chance de expulsão. Além disso, fui orientada a utilizar o preservativo por pelo menos sete dias.
Minha adaptação está sendo extremamente tranquila, estou com o DIU desde agosto. Durante os dois primeiros dias após a inserção decidi ficar deitada porque estava querendo ficar “mais encolhidinha” (sabe quando a gente menstrua e quer ficar debaixo das cobertas?).
Sobre escapes, cólicas e menstruação:
Escapes: os únicos escapes que tive foi três meses após a inserção, em dois dias, onde só manchou a calcinha, mas nem foi necessário usar absorvente
Cólicas: tinha raríssimas cólicas e hoje tenho mais pontadas do que cólicas em si. Somente um dia nesses quatro meses de adaptação tive cólica ao ponto de querer ficar deitada, mas era mais por conforto do que por serem fortes
Menstruação: a quantidade de dias da minha menstruação permaneceu a mesma, o que observei foi um aumento de sangue nos dois primeiros dias e, além disso, borra de café antes da menstruação em si (antes eu tinha a borra no fim da menstruação, agora tenho no começo).
Durante esses quatro meses, só tomei um comprimido de cólica, que foi na primeira semana de DIU, pois era de noite e eu não estava querendo esperar ela passar. De resto, não precisei. Não sinto o DIU em nenhum momento e nem meu parceiro sente na relação. Uma ou duas vezes por mês, no banho e com o dedo limpo, faço o toque da cordinha, para saber se ela desceu ou não.
Por outras razões, meu ultrassom foi cancelado e precisei remarcar um novo, mas fui até a UBS onde coloquei o DIU e a enfermeira me examinou. Pedi para que ela cortasse um pouco a cordinha do DIU porque gostaria de voltar a usar coletor, mas quando tentei colocar em um primeiro momento, me senti insegura.
Conclusão
Sys, se você tem dúvidas sobre colocar ou não o DIU de Cobre, pode vir conversar comigo! Eu era muito desconfiada com o método e hoje sou uma das defensoras dessa maravilha. Sei que ele não é universal e que nem todas irão se adaptar, mas não podemos deixar a desinformação vencer! Sempre vou encorajar para que você conheça cada vez mais o seu corpo e faça decisões conscientes.
E aí, lendo esse meu relato, pode surgir a seguinte dúvida:
“Inara, você não estava com medo do seu corpo expulsar o DIU?”.
Embora eu tivesse consciência de que era uma possibilidade, eu não coloquei o DIU pensando que meu corpo iria rejeitá-lo, ao contrário. Pensei e profetizei no positivo e fui confiante mas, mais do que isso, fui tranquila. Saberia que não é porque o DIU foi expulso uma vez que ele seria duas ou três vezes; sabia que existem outros métodos além do DIU e sabia que eu não iria recusar essa experiência por medo de uma possibilidade. E não é que deu certo?
Bom, acho que me alonguei, né? Se quiser trocar uma ideia sobre o DIU, pode me chamar ou mesmo mandar uma DM no Instagram da SYS, mas sugiro se informar com essas iniciativas:
@diudecobre: perfil com base na ciência sobre DIU de Cobre: dados, eficácia, experiência, inserção, acolhimento, além de conteúdos sobre métodos contraceptivos e saúde
Grupo do Facebook DIU de Cobre: relatos positivos e negativos sobre a experiência com o DIU, além de uma planilha com profissionais do país todo que o inserem
@shareyoursexbr: temos vários conteúdos no feed sobre DIU de Cobre e outros contraceptivos, só acessar nesta guia.
Sobre a autora
Inara Chagas
Jornalista, assistente de mídias sociais da Share Your Sex e entusiasta por pautas de saúde pública.
Saiba mais sobre o trabalho da Laura em seu Instagram
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