Olá sys, você sabia que hoje, dia 1° de dezembro, é o Dia Mundial de Luta contra a Aids? A data foi instituída há 32 anos pela Assembleia Geral da ONU e pela Organização Mundial de Saúde.
Hoje estamos aqui para reacender o debate de que, apesar de ser uma infecção sexual transmissível (IST) tão conhecida e falada, ainda é rodeada de estigmas e vários tabus pela maior parte da população, então a pergunta que fica é: será que você está atualizada sobre o tema? Por isso, com base nas informações disponibilizadas pela plataforma do Ministério da Saúde, montamos este artigo com falso e verdadeiro para desmistificar a AIDS e o HIV. Vamos começar?
“Se eu tenho HIV, eu tenho AIDS”
FALSO
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
Ter o HIV não é a mesma coisa que ter AIDS e não significa que a pessoa desenvolverá a AIDS, que é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV, caracterizada pelo desenvolvimento de infecções oportunistas. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, mas podem transmitir o vírus a outras pessoas. Por isso a importância de realizar testes para ISTs periodicamente.
“A camisinha é a melhor prevenção”
VERDADEIRO
O preservativo, ou camisinha, é o método mais conhecido, acessível e eficaz para se prevenir da infecção pelo HIV e outras ISTs, como a sífilis, a gonorreia e também alguns tipos de hepatites. Além disso, ele evita uma gravidez não planejada.
“Posso contrair HIV através do sexo oral”
VERDADEIRO
As vias de transmissão são as seguintes: sexo oral, vaginal e anal sem camisinha; uso de seringa por mais de uma pessoa; transfusão de sangue contaminado; da mãe infectada para filho durante a gravidez e a amamentação quando não se tomam as devidas medidas de prevenção; instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.
É importante lembrar que NÃO se transmite HIV através de sexo desde que se use corretamente a camisinha, masturbação a dois, beijo no rosto/boca, aperto de mão ou abraço, compartilhamento de sabonete/toalha/lençóis, suor ou lágrima.
“O teste rápido do posto de saúde não diagnostica HIV”
FALSO
O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece gratuitamente testes para diagnóstico do HIV, e também para diagnostico da sífilis e das hepatites B e C. Existem, no Brasil, dois tipos de testes: os exames laboratoriais e os testes rápidos. Os testes rápidos são práticos e de fácil execução. Ofertados pelas unidades básicas de saúde (UBS) da rede pública e pelos Centros de Testagem e Amostragem (CTA), os testes podem ser realizados com a coleta de uma gota de sangue ou com fluido oral, e fornecem o resultado em, no máximo, 30 minutos. E a tal “janela diagnóstica” que tanto falam? Todos os testes possuem um período denominado “janela diagnóstica”, que corresponde ao tempo entre o contato com o vírus e a detecção do marcador da infecção (antígeno ou anticorpo). Isso quer dizer que, mesmo se a pessoa estiver infectada, o resultado do teste pode dar negativo se ela estiver no período de janela.
“O tratamento do HIV no Brasil é muito caro”
FALSO
Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente pelo SUS todos os medicamentos antirretrovirais e, desde 2013, o SUS garante tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), independentemente da carga viral.
O uso regular dos medicamentos antirretrovirais é fundamental para garantir o controle da doença e prevenir a evolução para a AIDS. A boa adesão à terapia antirretroviral traz grandes benefícios individuais, como aumento da disposição, da energia e do apetite, ampliação da expectativa de vida e o não desenvolvimento de infecções oportunistas.
DEFENDAM O SUS ☺
“O tratamento é também uma forma de evitar a transmissão”
VERDADEIRO
Também pode-se dizer que o tratamento pode ser usado como uma forma de prevenção muito eficaz para pessoas vivendo com HIV, evitando, assim, a transmissão do HIV por via sexual. As evidências científicas comprovam que Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV) em tratamento correto e com carga viral do HIV indetectável há pelo menos seis meses não transmitem o vírus por via sexual. O termo Indetectável = Intransmissível (I = I) já é utilizado por cientistas e instituições de referência sobre o HIV em abrangência mundial.
“Transei com um desconhecido sem proteção, devo tomar a PEP”
VERDADEIRO
A PEP (Profilaxia Pós-Exposição de Risco) é uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras ISTs, que consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções após uma possível exposição ao vírus. Deve ser utilizada o mais rápido possível - preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas após qualquer situação em que exista risco de contágio, como violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). A duração do tratamento é de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde. Ela é oferecida gratuitamente pelo SUS. É importante observar que a PEP não serve como substituta à camisinha.
Se você deseja conhecer os locais próximos a você que oferecem a PEP, acesse http://www.aids.gov.br/pt-br/onde-encontrar-pep
“A PrEP é a mesma coisa que a PEP”
FALSO
A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) é um novo método de prevenção à infecção pelo HIV antes de a pessoa ter contato com o vírus. Ela consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da aids infecte o organismo futuramente. O objetivo da PrEP é prevenir a infecção pelo HIV, caso ocorra uma futura exposição ao vírus. A PrEP não é para todos e também não é uma profilaxia de emergência, ao contrário da PEP. No Brasil, os públicos prioritários para PrEP são as populações-chave, que concentram a maior número de casos de HIV no país: gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, trabalhadores(as) do sexo e parcerias sorodiscordantes (quando uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não). Mas o somente pertencimento a um desses grupos não é suficiente para prescrição da PrEP. Para essa caracterização é necessário avaliar junto ao profissional de saúde as parcerias sexuais e a carga viral, as práticas sexuais, e os contextos específicos associados a um maior risco de infecção. Se você acha que se enquadra em algum desses casos e pode ter alto risco para adquirir o HIV, procure um profissional de saúde e informe-se para saber se você tem indicação ou não.
Se você deseja conhecer os locais próximos a você que oferecem a PrEP, acesse http://www.aids.gov.br/pt-br/acesso_a_informacao/servicos-de-saude/prep
“Se eu tomo a PrEP, não tenho porque usar camisinha”
FALSO
Você não deve parar de usar preservativos porque está tomando a PrEP. Se a PrEP for tomada diariamente, ela previne que você contraia a infecção pelo HIV, mas você não está 100% imune. Os preservativos devem ser usados em conjunto e oferecem uma grande proteção. A PrEP não protege de outras infecções sexualmente transmissíveis (tais como sífilis, clamídia e gonorreia), mas a camisinha pode preveni-las. Então, você terá mais proteção contra o HIV e outras infecções sexuais se você tomar a PrEP diariamente e usar preservativos durante as relações sexuais.
“Meu parceiro tem HIV, nunca poderei engravidar”/ “Tenho HIV, nunca poderei engravidar”
FALSO
A PrEP pode ser utilizada pelo(a) parceiro(a) soronegativo(a) para planejamento reprodutivo de casais sorodiscordantes. Recomenda-se também que o(a) parceiro(a) soropositivo(a) esteja em tratamento e com carga indetectável, durante o período de planejamento reprodutivo.
Mulheres HIV negativas, com desejo de engravidar de parceiro soropositivo ou com frequentes situações de potencial exposição ao HIV, podem se beneficiar do uso de PrEP de forma segura para se proteger e proteger o bebê.
Mulheres vivendo com HIV também podem ter uma gravidez tranquila, segura e com baixo risco de que seu bebê nasça infectado pelo HIV, caso faça o correto acompanhamento médico e siga todas as recomendações e medidas preventivas. Nesse caso, infelizmente ainda assim não será possível amamentar, já que o vírus pode ser transmitido ao bebê pelo leite materno, mesmo em mulheres que estejam em tratamento e tenham atingido a carga viral indetectável, conforme demonstram estudos recentes.
“Após o HIV, há vida”
VERDADEIRO, VERDADEIRÍSSIMO
Não existe vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas como já vimos anteriormente, há tratamento e é possível viver bem, de forma saudável e segura. O imaginário difundido a respeito do vírus e da AIDS muitas vezes colabora para piorar a experiência da pessoa vivendo com HIV mais do que a própria infecção em si. A desinformação leva à ignorância, a ignorância por sua vez leva a duas consequências: ao preconceito e ao combate ineficaz na luta contra a AIDS. É preciso não apenas estar aberto ao conhecimento, mas difundi-lo, espalhá-lo aos nossos amigos, familiares, parceiros/as/es. Um trabalho árduo de formiguinha para modificar as estruturas da sociedade. O estigma e a discriminação são mais letais que o vírus, e contra eles só há uma proteção: a informação.
Seja disseminadora, SYS. Deixe seu comentário, compartilhe, use e promova o uso de camisinha, faça testes periódicos, divida com outras pessoas o que você aprendeu aqui. Acolha e escute pessoas vivendo com HIV. A luta contra a AIDS e contra seus estigmas sociais começa com você.
Referências:
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